A análise da participação das mulheres nas eleições para deputado federal revela fatores que contribuem para a disparidade na representatividade de gênero no Parlamento, na ocupação de cargos eletivos: os votos nominais do eleitorado feminino são substancialmente menores do que os do eleitorado masculino em todas as UF (unidades da Federação).

Neuriberg Dias*

congresso nacional 13 03 17
 
Nas eleições gerais de 2022, o eleitorado brasileiro totalizou 155.756.933 de cidadãs e cidadãos. Foram 73.755.042 homens (47,35%) e 81.965.109 mulheres (52,62%). 

Para a escolha de deputado federal, foram registrados o comparecimento de 109,491 milhões de votos válidos, sendo 105.195.502 nominais e 4.295.498 de legenda. O voto brasileiro é majoritariamente uninominal.

A distribuição desses votos válidos revelou disparidade significativa: 79% dos votos nominais (82.972.980) foram registrados do sexo masculino, enquanto apenas 21% (22.153.638) foram do sexo feminino. Isto indica participação substancialmente maior de homens em comparação às mulheres, nas eleições para deputado federal de 2022.

Todos os estados e regiões do Brasil apresentam disparidades. O Acre tem a maior proporção de participação feminina, com 48,58%, enquanto Alagoas tem a menor, com 10,14%. Nas regiões Nordeste e Sudeste, essa diferença é mais acentuada, enquanto nas regiões Centro-Oeste e Sul são as menores encontradas.

Curiosamente, os dados disponibilizados pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral), em muitos estados, a participação dos homens excede a população masculina registrada, o que pode ser explicado por disputas territoriais, migrações de domicílio eleitoral e até defasagem na contagem feita pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

A baixa representação feminina reflete série de fatores estruturais e culturais, que limitam a participação política das mulheres. Portanto, é crucial implementar políticas que incentivem, urgentemente, a participação delas nas eleições, com apoio às candidaturas e eleição de mulheres, promovendo, assim, democracia mais justa, representativa e equitativa.

As conquistas recentes, como garantia do percentual mínimo de candidaturas femininas e recursos para campanhas eleitorais, demandarão também o aumento da participação ativa das mulheres no processo eleitoral. 

A falta de apoio do eleitorado feminino às candidatas é 1 dos principais desafios que contribuem para a baixa representatividade das mulheres nas instâncias de poder.

Números gerais: participação por estado
A participação nas eleições para deputado federal em 2022, comparando votos nominais e eleitorado, entre os sexos, por UF, a dos homens é geralmente mais alta que a feminina. Isto é, os homens comparecem mais que as mulheres para votar.

E, em alguns estados, mostram participação masculina superior a 100%, como Alagoas (135,13%) e Amazonas (135,54%), indicando possíveis discrepâncias devido às defasagens na contagem de eleitores ou migrações.
mulheres participacao 2022

Participação por região
No cruzamento de dados por região é notável a disparidade entre os sexos, com a participação masculina superando, frequentemente, a feminina. 

Na região Norte do País, a média de PF (participação feminina) é 36,05%, contra a média de PM (participação masculina) de 108,13%. No Nordeste, a média de PF é 27,82%, contra 113,56% da PM. 

Em Alagoas é apresentada a maior disparidade. No Centro-Oeste a média de PF é 37,34%, contra a PM que fica em 103,62%. O Distrito Federal tem uma das maiores PF da região. No Sudeste, a média de PF é 26,94%, contra 112,05% da PM. 

A baixa PF, em comparação com a PM, é presente em todos os estados. Na região Sul, a média de PF é 29,68%, contra a PM, que chega a 111,34%. Santa Catarina se destaca com o percentual da participação de mulheres mais alto, em relação aos outros estados da região.
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(*) Jornalista, analista político e diretor de Documentação do Diap. É sócio-diretor da contatos assessoria política.

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