Tarifas dos EUA sobre exportações brasileiras podem impactar empregos e economia, alerta estudo
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- Categoria: Agência DIAP
Um relatório do DIEESE (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) revela que as novas tarifas impostas pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros podem gerar efeitos negativos significativos na economia e no mercado de trabalho do Brasil. As medidas, que incluem taxas adicionais de até 50% em setores como siderurgia, autopeças e carne bovina, ameaçam reduzir as exportações e provocar perdas de empregos e receitas.
Impactos econômicos
Segundo o estudo, em um cenário pessimista, o Brasil poderia perder até 726.701 postos de trabalho em um ano, com destaque para os setores de serviços (241.482 vagas), indústria de transformação (215.184) e comércio (142.372). O PIB nacional sofreria uma queda de 0,357%, equivalente a R$ 38,87 bilhões em valor adicionado. Além disso, a massa salarial poderia encolher R$ 14,33 bilhões, e os cofres públicos deixariam de arrecadar R$ 11,01 bilhões em impostos.
Setores mais afetados
Café: Os EUA consomem 34% do café exportado pelo Brasil. Competidores como Colômbia e Vietnã têm tarifas menores, mas produção inferior.
Carne Bovina: Com tarifas de até 76,4%, as perdas podem chegar a US$ 1 bilhão, afetando a projeção de exportação de 400 mil toneladas em 2025.
Celulose e Papel: Apesar da isenção para celulose, madeira serrada e painéis enfrentam taxas, com relatos de cancelamentos de pedidos e risco de desemprego em regiões produtoras (PR, SC, RS).
Máquinas e Equipamentos: 25% das exportações do setor (US$ 3,6 bi) têm os EUA como destino, com dificuldade de redirecionamento para outros mercados.
Negociações coletivas sob pressão
O estudo identificou 3.075 empresas exportadoras para os EUA com acordos coletivos de trabalho, envolvendo 1.459 sindicatos. As regiões Sudeste (1.286 acordos) e Sul (614) concentram a maioria dessas negociações. A variação salarial real já apresenta tendência de queda, com média de -0,15% em 2025, agravando preocupações sobre o poder de compra dos trabalhadores.
Cenários alternativos
Projeções do CEDEPLAR/UFMG sugerem um impacto menor no PIB (-0,1% em dois anos), com possível compensação por retaliações chinesas aos EUA. No entanto, o emprego ainda sofreria redução (-57.302 vagas), especialmente em setores diretamente expostos às tarifas.
Conclusão
O relatório destaca a urgência de estratégias para mitigar os efeitos, como diversificação de mercados e reforço às negociações sindicais. Enquanto o governo federal busca exceções às tarifas, setores vulneráveis alertam para riscos de desindustrialização e desemprego estrutural, caso as medidas sejam mantidas. A situação exigirá atenção redobrada nos próximos meses, quando os impactos reais começarão a ser mensurados.