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O Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (DIAP) inicia um novo ciclo sob a liderança de Rita Serrano, ex-presidente da Caixa Econômica Federal e uma das vozes mais influentes do movimento sindical e social do país. Empossada no dia 3 de dezembro de 2025, ela herda a missão de dirigir uma entidade histórica, fundada em 1983, que assessora o movimento sindical nas suas relações com o Congresso Nacional.

Sua posse foi marcada não apenas pela transmissão do cargo, mas também pelo lançamento da plataforma digital "Quem foi Quem", uma ferramenta prometida para aumentar a transparência sobre o trabalho dos parlamentares.

Em um momento político desafiador, Serrano chega ao DIAP com uma agenda robusta, que  contempla a redução da jornada de trabalho, regulamentação do trabalho por aplicativos e da Inteligência artificial, entre outros,

Nesta entrevista, a nova presidenta fala sobre seus planos para o mandato de três anos, os desafios de representação da classe trabalhadora no Legislativo e como a nova plataforma pode empoderar a sociedade.

1. Rita, após uma extensa trajetória no movimento sindical e à frente da Caixa Econômica Federal, o que a motivou a assumir a presidência do DIAP e qual o principal legado que você almeja construir nestes três anos de mandato?    

O que me motivou foi o apoio das entidades e o papel relevante do DIAP para a organização social. Desde a juventude, tive consciência das profundas desigualdades sociais presentes no Brasil e, a partir dessa percepção, construí uma trajetória voltada ao fortalecimento das instituições e à defesa dos trabalhadores. Ao longo dos anos, exerci funções de dirigente sindical, vice-prefeita, conselheira de administração eleita pelos empregados e, mais recentemente, presidente da Caixa Econômica Federal.

Essa experiência acumulada em diferentes áreas da gestão pública, politica  e sindical será direcionada para ampliar a capacidade de atuação do movimento sindical, oferecendo instrumentos que qualifiquem sua intervenção e promovendo maior transparência e governança tanto na esfera pública quanto no parlamento. O legado que almejo construir é o de consolidar o DIAP como referência nacional na defesa da democracia, dos direitos sociais e da valorização do trabalho.

2. Como você vê a baixa representação de trabalhadores e mulheres no Congresso Nacional? . Quais estratégias concretas o DIAP pretende adotar para mudar esse cenário e ampliar a voz desses segmentos no processo legislativo?

As mulheres representam 52% do eleitorado brasileiro, mas ocupam apenas 18% das cadeiras no parlamento. Da mesma forma, os parlamentares oriundos diretamente do mercado de trabalho constituem uma minoria. Esses dados evidenciam que a composição atual do Congresso não reflete, de maneira plena, os anseios e a diversidade da sociedade brasileira.

Nesse contexto, o DIAP tem como missão contribuir para a correção dessa distorção, atuando em parceria com sindicatos e movimentos sociais no estímulo a candidaturas comprometidas com a agenda dos trabalhadores e da igualdade de gênero. Além disso, pretende fortalecer campanhas de conscientização voltadas para a valorização do voto responsável, de modo a ampliar a representatividade e assegurar que o processo legislativo incorpore de forma mais efetiva as demandas desses segmentos.

3. Quais serão as principais pautas do DIAP para 2026?

Para o ano de 2026, o DIAP terá como prioridade uma agenda estratégica voltada ao fortalecimento da democracia, da justiça social e da valorização do trabalho. Entre os principais temas, destacam-se:

* ?Regulamentação do trabalho em plataformas digitais, diante da crescente relevância dessas novas formas de ocupação.

* ?Redução da jornada de trabalho, com a superação da escala 6x1, atendendo a uma demanda histórica dos trabalhadores.

* ?Defesa e fortalecimento dos serviços públicos, com atenção especial à preservação dos direitos dos servidores.

* ?Regulamentação da inteligência artificial, assegurando que seu uso esteja alinhado a princípios éticos e sociais.

* ?Combate à violência contra as mulheres, como compromisso permanente com a igualdade e a dignidade humana.

* ?Ampliação da representação dos trabalhadores na gestão das empresas, garantindo maior participação nos processos decisórios.

* ?Fortalecimento das entidades associadas ao DIAP, consolidando sua capacidade de articulação e incidência política.

Toda essa agenda será desenvolvida em estreita articulação com sindicatos e movimentos sociais, de modo a assegurar legitimidade, representatividade e impacto efetivo no processo legislativo e nas políticas públicas.

4- Como o DIAP pretende fortalecer as entidades sindicais diante dos ataques à representação sindical?

Pesquisa recente realizada pelo Vox Populi revelou que 68% dos trabalhadores consideram os sindicatos fundamentais para a defesa dos direitos e para a melhoria das condições de trabalho. Esse dado demonstra que, apesar dos ataques sofridos pelas entidades nos últimos anos — em especial após a reforma trabalhista —, o movimento sindical mantém relevância e legitimidade junto à sociedade.

Diante desse cenário, o DIAP iniciará 2026 promovendo seminários em diferentes regiões do país, com o objetivo de debater com entidades filiadas e com a sociedade civil caminhos para o aprimoramento da representação sindical. A meta é fortalecer a capacidade de defesa dos direitos, ampliar a participação democrática e consolidar o papel das entidades como pilares essenciais da justiça social e da democracia brasileira.

5-Você é autora do livro "Rompendo Barreiras", sobre a luta das mulheres por espaços de poder. Como a sua experiência pessoal e a luta feminista influenciam a sua forma de liderar e a própria agenda de um órgão técnico como o DIAP?

Rompendo Barreiras é a minha autobiografia, na qual relato os desafios enfrentados ao longo da vida profissional e da militância para conquistar espaços de poder e decisão em ambientes historicamente marcados pelo machismo. Essa trajetória pessoal fortaleceu minha convicção de que a liderança deve ser exercida com coragem, compromisso e abertura para a diversidade.

No DIAP, essa experiência se traduz em uma agenda que valoriza a igualdade de gênero, a inclusão e o respeito. A perspectiva feminista, aliada à vivência prática, orienta minha forma de conduzir a instituição, buscando ampliar a representatividade e assegurar que o órgão técnico contribua para um parlamento e uma gestão pública mais democráticos, transparentes e comprometidos com os direitos sociais.

6- A nova plataforma do DIAP, "Quem foi Quem", lançada no dia da sua posse, tem o objetivo de monitorar e divulgar o desempenho dos parlamentares. Como exatamente essa ferramenta funcionará e de que forma ela pode, na prática, influenciar o trabalho do Congresso e a cobrança da sociedade?

A plataforma Quem foi quem é um sistema de avaliação da atuação dos deputados federais e senadores. Seu propósito central é registrar e divulgar como cada parlamentar se posicionou e votou em pautas de interesse direto dos trabalhadores e trabalhadoras.

Com isso, busca-se oferecer transparência ao processo legislativo, disponibilizando informações qualificadas que orientem estrategicamente sindicatos, movimentos sociais e eleitores. Na prática, a ferramenta permitirá que a sociedade acompanhe de forma objetiva o desempenho de seus representantes, fortalecendo o debate público e ampliando a capacidade de cobrança sobre o Congresso

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