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A Câmara dos Deputados deu um passo crucial na discussão sobre o futuro de mais de 1,5 milhão de trabalhadores de plataformas digitais no país. Na tarde desta terça-feira (19), o colegiado instalou a Comissão Especial destinada a analisar o Projeto de Lei Complementar (PLP) 152/25, que institui o Marco Legal do Trabalho por Plataforma de Entrega.

Os diretores do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (DIAP), André Luís dos Santos (Diretor de Documentação Adjunto) e Neuriberg Dias (Diretor de Documentação), acompanharam a sessão. A expectativa é por um debate acalorado entre defensores de direitos trabalhistas e representantes do setor empresarial e de tecnologia.

A reunião foi acompanhada de perto por entidades representativas de ambos os lados da discussão, sinalizando a importância estratégica que a matéria tem para o movimento sindical e trabalhista e teve como pauta principal a *eleição da mesa diretiva* da comissão, composta por um presidente e dois vice-presidentes.

 A escolha dos cargos foi o primeiro movimento em um tabuleiro que definirá o ritmo e o tom das discussões sobre um dos temas mais sensíveis e modernos da legislação trabalhista brasileira.

*O PLP 152/25 e a "PJização"*

O projeto em análise, de autoria do Poder Executivo, busca criar um marco regulatório específico para as relações entre plataformas digitais (como iFood, Uber Eats, Rappi e outras) e os entregadores e motoristas que prestam serviços por meio delas.

O cerne da discussão é a natureza dessa relação: se é de emprego, com todos os direitos garantidos pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), ou se é uma parceria comercial entre microempreendedores individuais (MEIs) e as empresas de tecnologia. O PLP 152/25 propõe uma terceira via, criando uma categoria jurídica nova, com alguns direitos específicos, mas sem o vínculo empregatício tradicional.

Críticos do projeto, como centrais sindicais argumentam que a proposta oficializa a precarização, perpetuando a chamada "PJização" (contratação como Pessoa Jurídica) para evitar encargos trabalhistas. Eles defendem que a relação é, em sua essência, empregatícia.

Já as plataformas e associações do setor alegam que a flexibilidade é inerente ao modelo de negócio e desejada pela maioria dos trabalhadores, e que uma regulação rígida como a CLT poderia inviabilizar economicamente o serviço, reduzindo o número de vagas.

*Tramitação e Próximos Passos*

A criação de uma *comissão especial* evidencia a complexidade e a urgência atribuída ao tema. Diferentemente das comissões temáticas permanentes, as especiais são formadas com o propósito único de analisar uma matéria específica, com prazo determinado para dar seu parecer. Isso agiliza a tramitação de projetos considerados prioritários.

O rito previsto para o PLP 152/25 é o de *urgência constitucional*, acelerando o processo.

Após a eleição da mesa, a comissão apresentará na próxima semana o plano de trabalho do colegiado.

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