Brasil volta ao centro e 'nova esquerda' surge na cena política
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O que surgiu das eleições é a certeza de que a democracia e o diálogo prevalecem. Isso serve para que as diferentes vertentes ideológicas façam suas autocriticas e procurem construir a unidade em seus campos para vencer o autoritarismo e o radicalismo imposto pelo grupo que ora dirige o pais.
André Santos1 e Neuriberg Dias2
Com a nova configuração que erigiu das urnas — neste 15 de novembro — é possível avaliar que os “aventureiros” políticos não conseguiram ganhar a confiança do eleitor. Aqueles “novatos” que optaram pela transição com os apoios dos chamados políticos tradicionais apresentaram melhor desempenho nas urnas. Já os políticos tradicionais lideraram as eleições municipais de 2020.
Outro aspecto que pode ser observado no pleito é a ascensão de uma nova esquerda, que deixa seu principal expoente, desde o processo da redemocratização, o Partido dos Trabalhadores (PT), à margem da liderança no espectro de esquerda progressista do País.
Ainda pode-se analisar a fraqueza do governo Bolsonaro no processo eleitoral. Seus principais apoiadores tiveram desempenho bem abaixo do esperado, enquanto seus adversários mais expressivos apresentaram resultados favoráveis neste pleito.
Venceu a experiência
A eleição atípica, devido ao momento da pandemia da Covid-19, mostrou que a experiência foi um dos fatores decisivos nesse momento de eleição municipal. As principais lideranças políticas nas regiões se firmaram com a reeleição ou confirmaram presença no 2º turno do pleito.
Os novatos, que surgiram com o discurso de a “nova política” nas eleições gerais de 2018, não obtiveram sucesso nesse momento eleitoral. Ficou claro, que o eleitor não confiou no chamado “novo” e considerou a experiência para digitar o voto na urna.
Esquerda
A esquerda apresenta nova configuração das legendas progressistas. PCdoB e PSol podem ser as principais expressões desse espectro político seguido de agremiações de centro-esquerda, como PSB e PDT.
O PT, partido que liderou esse espectro ideológico no período que esteve à frente da Presidência da República por 4 mandatos consecutivos, perde força nessa eleição. Onde o partido foi cabeça de chapa, ou seja, o principal candidato era do PT, houve fracasso nas urnas, como por exemplo: São Paulo, Rio de Janeiro e Salvador.
Nas cidades onde as chapas tiveram seus principais nomes de outros partidos como PCdoB, com Manuela D’Avila, em Porto Alegre, e como o PSol, com Edmilson Rodrigues, em Belém, todos com vices petistas, foi possível avançar para o 2º turno.
Derrotado
O governo do presidente Jair Bolsonaro saiu mais fraco em termos de base eleitoral nesse pleito. Candidatos que tinham seu apoio não apresentaram bom desempenho nas urnas. E aqueles que, mesmo que indiretamente, estavam atrelados ao presidente não chegaram nem ao 2º turno.
Para além da derrota nas eleições municipais, o Planalto observa os adversários políticos do presidente com vantagens nas principais regiões do País. O que pode dificultar seu governo nos próximos 2 anos e trazer grandes problemas para o projeto reeleitoral de Bolsonaro.
O que surgiu das eleições é a certeza de que a democracia e o diálogo prevalecem. Isso serve para que as diferentes vertentes ideológicas façam suas autocriticas e procurem construir a unidade em seus campos para vencer o autoritarismo e o radicalismo imposto pelo grupo que ora dirige o pais. Aguardemos 2022!
1 Jornalista, analista político do Diap, especialista em Política e Representação Parlamentar e sócio-diretor da Contatos Assessoria Política
2 Analista político, assessor legislativo do Diap e sócio-diretor da Contatos Assessoria Política