Qualquer pessoa de bom-senso — dentro e fora do Brasil — se pergunta hoje como foi que segmento importante dos militares brasileiros chegou ao ponto de conceber e levar adiante governo militarizado e aliado a grupos e pessoas movidas por reacionarismo religioso extremado, e por fanatismo econômico e ideológico completamente ultrapassados, todos “escondidos” atrás de personagem grotesco e “mau militar”, como afirmou o general Ernesto Geisel em outro momento?

José Luís1 Fiori e William Nozaki2

militares
Soladados do Exército fazem a segurança do Palácio da Alvorada, em 2018 | Foto: Sérgio Lima/Poder36

O historiador britânico Niall Ferguson defende a tese da incompetência universal dos militares para o exercício do governo, e aponta algumas razões que explicariam tal incapacidade a partir da própria vida interna dos quartéis e da carreira militar. No caso específico da geração atual de militares brasileiros, há contingente que vem se dedicando, há 3 anos, a desmontar aquilo que antecessores do século passado mais prezavam: o setor energético brasileiro.

Os militares brasileiros sempre tiveram visão elitista e caricatural do País, imaginando País sem cidadãos e onde as classes sociais próprias do sistema capitalista são vistas com desconfiança e como ameaça à ordem social definida por eles segundo critérios ancorados, em última instância, na vassalagem internacional. Dentro desta concepção de país sem sociedade civil, eles sempre se consideraram os verdadeiros responsáveis pela moral pública e pela definição do que fosse o “interesse nacional” dos brasileiros.

1 Professor do Programa de pós-graduação em Economia Política Internacional da UFRJ. Autor, entre outros livros, de O Poder global e a nova geopolítica das nações (Boitempo)

2 Professor de ciência política e economia da FESPSP (Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo)

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