Pós-Campos Neto: desafio do desenvolvimento
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Nos próximos meses, haverá 2 eventos em casamento. A demissão do presidente-político do BC, que sabota o País. E a redução dos juros Selic, a fim de abrir o debatee para projeto mais consistente de desenvolvimento.
Luís Nassif*Evento 1: a demissão de Roberto Campos Neto
Campos Neto tornou-se personagem político. Não se duvide que, nas próximas eleições, seja 1 dos braços do bolsonarismo educado. Só que seu tempo de vida útil acabou.
No começo do governo Lula, o ministro da Fazenda Fernando Haddad ainda não tinha consolidado sua posição perante o mercado. Não conseguiria pressionar Campos Neto, nem trabalhar por sua missão.
Optou por processo gradativo, de atender às expectativas do mercado e ganhar a confiança com discurso bastante racional. Com isso, mais o arcabouço fiscal, tirou os argumentos nos quais se escorou Campos Neto para não derrubar os juros.
Agora, inverteu o jogo.
Os efeitos da Selic elevaram-se por todo o País, afetando o setor financeiro ao varejo, pelo comprometimento do crédito e pela multiplicação de processos de recuperação judicial.
Formou-se unanimidade contra Campos Neto, abrindo a possibilidade de pacto político visando mudar essa inacreditável lei de autonomia do Banco Central, que torna o País inteiro refém de burocratas sem obrigatoriedade.
Evento 2: o pós-Campos Neto
Hoje em dia, há 1 objetivo central, que é a redução da taxa Selic de forma acelerada. Alcançado o objetivo, entra-se no segundo tempo do jogo, em que haverá a necessidade de projeto mais consistente de desenvolvimento.
Se Lula se conformar em meramente assumir o crescimento via melhoria do consumo, não conseguirá atingir seu objetivo, de marcar seu terceiro mandato como virada na economia.
Há 1 conjunto enorme de possibilidades pela frente, da transição energética às novas revoluções tecnológicas.
O País dispõe de boa estrutura de ciência e tecnologia, organizações empresariais de abrangência nacional, bancos públicos, 1 banco de desenvolvimento modelo, grande empresa petrolífera, que já desempenhou papel significativo no desenvolvimento industrial e tecnológico nacional.
Falta o maestro, capaz de combinar todos esses instrumentos. Falta mais ainda, concertação com as forças produtivas, sindicatos e movimentos sociais, aspirando para 1 norte.
Essa visão de conjunto de todas as forças é fundamental para a geração de sinergia e para consolidar o grande pacto nacional pelo desenvolvimento, com sustentabilidade ambiental e responsabilidade social.
A primeira parte do trabalho já foi feita, com a retomada dos contatos internacionais. A segunda parte completa-se com a queda de Campos Neto e a redução da Selic. Mas são apenas ensaios para a grande apresentação final, da entrada do País definitivamente no rumo do desenvolvimento.
Para tanto, Lula precisará reviver o entusiasmo e o sentimento de grandeza de um JK. O período 2008-2010 mostrou que isso será possível.
(*) Jornalista. Publicado originalmente no blog GGN