A próxima geração
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Por Susana Buzeli
Primavera, 2025
De tudo que é vivo ainda é possível…
Bem sei que os proprietários de almas com o seu canto burguês não te envaidecem. Gente esquisita de tamanho medo que espirra crueldade e no desespero de atingir o objeto, aquele que está no caminho, seu olho não pisca. Opostos? Não mais? O bosque ainda existe?
Jogos de sombras e luzes avançam em linhas e ventos. Rastejamos zelosamente e, amputados em nossos sonhos, somos restos de comida fria jogada no lixo. Assim, falsificamos nossas lentes. Queremos mostrar a imperfeição de nossas vidas, de nossas pobrezas? Ilusões que se abrem e se impõem.
Estamos doentes, em todos os ofícios, também não mais importa. Conseguimos arar e semear os interesses nas plantações do senhor. Somos premiados e aqueles que fogem ou pedem dispensa de suas tarefas roem sua fome e na invisibilidade veem uma laranja. Desejamos sua existência?
No dia seguinte e no mesmo lugar…
Irritados, culpamos o outro? Melindrados e arrogantes despejam suas glórias nos papéis de grande palco vazio. Seus corpos em sacos, seus corpos enfileirados, seu choro, seu fuzil, seu microfone. Armaduras que se arrastam na história da humanidade. Pneus desfilam o tratado da máquina.
A força bruta, que a mão comanda, circula por entre as artérias do sadismo. Aqui tudo acontece dúzias de vezes. O raio cai sempre no mesmo lugar e no mesmo dia. Foi a uma hora da tarde que quatro atores cansados saíram do palco. Queriam ouvir os batimentos de seus corações.
Está claro? Está escuro? Vamos abrir a mala? Vamos fechar a mala? Desfazer da viagem que não nascemos para vender? Desfazer da viagem que não nascemos para comprar? Esmagamos a terra com passos de vai e vem. As possibilidades, mediocridades e vaidades estão contidas nesta peça.
Onde quer que estejamos usamos o Blue jeans. Vivacidade de espírito já não cabe mais. Engolimos o choro da tragédia e assim falamos do dever na carruagem que passa pelo moinho. Trovadores e sua trupe partem com seu espetáculo para a próxima geração. Todos já sabiam. Olhamos longamente nossas redes sem chapéu…
Susana é assessora de comunicação do sindicato dos padeiros de São Paulo*
