Diálogos DIAP: Especialista aponta ‘armadilha da crítica’ e extremismo como desafios a serem superados
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Antônio Augusto de Queiroz, Toninho do DIAP, durante palestra no Diálogos DIAP, na terça-feira (25), alertou para a “armadilha da crítica”. Conceitualmente, “pode ser definida como estratégia que busca deslegitimar adversários, com críticas excessivas, improdutivas ou desequilibradas”, disse.
A “armadilha da crítica” quando aplicada à política, “tem o poder de enredar governos numa armadilha de crítica sistemática, que dificulta a implementação de políticas e a construção de imagem positiva, levando a ciclo de descrença e apatia, em que as pessoas passam a ver todas as instituições como corruptas ou ineficazes, sem enxergar possibilidades de mudança” | Foto: Daiana Lima / DIAP
Isso porque, segundo Queiroz, cria ambiente polarizado e conflagrado com efeitos paralisantes.
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Antônio Queiroz, consultor do DIAP e mestre em Políticas Públicas, explicou que a chamada “armadilha da crítica” quando aplicada à política, “tem o poder de enredar governos numa armadilha de crítica sistemática, que dificulta a implementação de políticas e a construção de imagem positiva, levando a ciclo de descrença e apatia, em que as pessoas passam a ver todas as instituições como corruptas ou ineficazes, sem enxergar possibilidades de mudança”.
Crítica destrutiva e o governo Lula
Segundo Queiroz, a “armadilha da crítica” corresponde ao inverso da crítica construtiva. Enquanto uma visa promover transformação, reflexão produtiva ou melhorias, a armadilha da crítica atua como obstáculo ao progresso ou a ação”.
“Ou seja, no caso do governo [Lula], qualquer medida adotada, independentemente de seus méritos ou impactos positivos, é alvo de questionamento e interpretações negativas”, acrescentou o analista político.
O resultado deste entrave, segundo o Queiroz, é um “cenário de desconfiança e dificuldades para a construção de visão favorável ao governo, mesmo quando suas políticas visam atender demandas urgentes da população”.
Extremismo político
Outro tema abordado por Antônio Queiroz, durante o Diálogos DIAP, foi a questão do chamado “extremismo político”, que, segundo ele, “tem ganhado força em diversos países, polarizando e fragmentando as sociedades e dificultando a governabilidade”.
O especialista pontua que “esse fenômeno, liderado pela extrema-direita bolsonarista e seus aliados, incluindo setores da mídia, do sistema financeiro e do agronegócio, que consideram adversários como inimigos políticos a serem eliminados, divide a sociedade e interdita o diálogo”.
Essa divisão, baseada em desinformação e fake news, “limita a capacidade de diálogo do governo e a construção de consensos, que dificulta a implementação de políticas públicas e aumenta a rejeição ao governo por parte de setores conservadores ou radicais”, acrescentou o consultor do DIAP.
Redes sociais e coordenação política
Ele também discorreu sobre a “falta de regulamentação adequada das redes sociais”. Em sua avaliação, “deveriam ser instrumentos para interação digital em tempo real, democratização do acesso à informação e troca de ideias e experiências instantâneas entre indivíduos e grupos, independentemente de fronteiras geográficas”.
Queiroz ainda chamou a atenção “para as falhas na coordenação política, na gestão e na comunicação do governo, que existem e precisam ser corrigidas”.
E acrescentou: “considerando o desempenho na economia, o que foi aprovado no Congresso nesses 2 anos e a realização de campanhas publicitárias, é preciso uma leitura mais acurada sobre estes aspectos”.
Por fim, ao comentar a coordenação política, Queiroz fez pergunta provocativa para reflexão e debate: “onde falhou o governo do presidente Lula, se aprovou todas as iniciativas nesses 2 anos, apesar de Congresso hostil ao seu programa de governo?”.